Alentejo, Portugal: o que fazer em Évora, Monsaraz, Elvas e Marvão
Uma imensa planície muito pouco habitada, com vilas charmosas, boa e farta gastronomia e algumas das melhores vinícolas de Portugal. Esse é o Alentejo, a extensa faixa entre Lisboa e o Algarve que tem Évora como sua maior e mais conhecida cidade, mas que encanta turistas com outros tantos vilarejos despretensiosos e pra lá de surpreendentes.
O ritmo é outro no Alentejo. O tempo parece passar com mais calma. Seu povo é atencioso e simpático. Sirva-se de uma boa taça de vinho alentejano e: demore-se! O Alentejo não combina com pressa.
Como chegar e se deslocar no Alentejo
Para poder entender a geografia e a rotina da região, apreciar as belas (e por vezes monótonas paisagens) e conhecer o maior número de vilarejos, a melhor maneira de viajar pelo Alentejo é de carro. Assim será possível visitar não somente Évora, mas também a vinícola Herdade do Esporão (em Reguengos de Monsaraz, a cerca de 40 min de Évora), a surpreendente vila medieval Monsaraz, além de Elvas e Marvão.
Trem de Lisboa para Évora
Quem tiver menos tempo de viagem e preferir visitar somente Évora, uma maneira cômoda é pegar um trem a partir de Lisboa. O trem de Lisboa para Évora leva cerca de 1h30 de viagem e as passagens custam em média 7 euros (mas já encontramos bilhetes promocionais por menos de 3 euros).
Origem | Chegada | Distância |
Lisboa | Évora | 134 km |
Évora | Herdade do Esporão (Reguengos de Monsaraz) | 44 km |
Évora | Monsaraz | 55 km |
Évora | Elvas | 83 km |
Évora | Marvão | 122 km |
Quantos dias ficar no Alentejo
Em um dia inteiro já é possível conhecer os principais pontos turísticos de Évora e ainda ter uma ideia da agradável vida noturna da cidade, com mesinhas espalhadas pelas coloridas ruas do centro histórico. Com dois dias, é possível incluir algumas vinícolas da região no roteiro, como a Cartuxa (em Évora) e a Herdade do Esporão (em Reguengos de Monsaraz). Em três dias ou mais pela região, já dá para conhecer o Alentejo “mais profundo”, cruzando a extensa planície e chegando a destinos pitorescos como Monsaraz, Elvas e Marvão.
Onde ficar no Alentejo
Évora é uma boa base para explorar, além da própria cidade, as vinícolas próximas e também vilarejos como Monsaraz (55 km) e a cidade de Elvas (83 km, feitos em cerca de uma hora), a maior cidade fortificada da Europa. Já Marvão, a vila mais alta do Alentejo, fica a 122 km de Évora, uma viagem que leva cerca de uma hora e meia. Para alguns, um bate-volta pode já ficar cansativo até Marvão, então é recomendável buscar uma hospedagem mais próxima — sobretudo para aqueles que pretendem seguir viagem em direção ao norte de Portugal, passando pela Serra da Estrela, por exemplo.
Roteiro pelo Alentejo
Quando estivemos no Alentejo fizemos o seguinte roteiro:
1° dia: Évora
2° dia: Évora
3° dia: Herdade do Esporão e Monsaraz (noite em Estremoz, pois não encontramos estadia mais próxima)
4° dia: Elvas (noite em Estremoz)
5° dia: Marvão (noite na Serra da Estrela)
É preciso considerar que boa parte das estradas no Alentejo, sobretudo mais no interior, são de pista simples e as viagens podem demorar mais do que o previsto. Então este não é um roteiro para aproveitar os dias sem pressa. Se tiver mais tempo, durma uma noite na região de Reguengos de Monsaraz (onde fica a Herdade do Esporão) ou no próprio vilarejo de Monsaraz (onde não há muitas opções de hospedagem).
Marvão não está tão distante dos outros destinos do Alentejo, mas ao incluí-lo no roteiro você irá se distanciar um pouco para o norte alentejano, onde não há muitas outras atrações, nem estradas de alta velocidade. Marvão é sim um destino lindo, mas pode não valer a pena todo o deslocamento se você não pretende seguir viagem naquela direção. Agora, se você for um fissurado por vilas medievais, tranquilas e belíssimas, com belas vistas desde o topo de montanhas, esqueça o que eu disse.. e vá para Marvão!
Origem | Destino | Distância |
Évora | Herdade do Esporão | 44 km |
Herdade do Esporão | Monsaraz | 22 km |
Monsaraz | Estremoz | 61 km |
Estremoz | Elvas | 42 km |
Estremoz | Marvão | 76 km |
O que fazer no Alentejo
Évora
Évora é o coração do Alentejo. Uma cidade com ares pacatos, mas movimentada devido à beleza, ao grande número de atrações turísticas e de universitários que vivem ali. Passear pelas ruas do centro histórico, admirar as casas de paredes brancas com azulejos nas varandas e sentar-se em algum restaurante, pedir uma cerveja ou um vinho e apreciar um bom petisco, é um programa por si só. Mas é claro que Évora tem muito mais a oferecer aos seus visitantes.
Uma das mais bem conservadas cidades medievais de Portugal, Évora um verdadeiro museu à céu aberto: um passeio por suas ruelas centrais nos leva por diferentes períodos históricos. No topo da cidade, o Templo de Diana remonta à fase romana. As principais igrejas são góticas. E ainda não é difícil perceber resquícios da passagem dos mouros pela região. Não à toa, Évora é considerada Patrimônio Mundial pela Unesco desde 1986. Confira a seguir as principais atrações de Évora:
O que fazer em Évora
A Capela dos Ossos, nas dependências da Igreja de São Francisco, é certamente o ponto turístico mais famoso de Évora. Pudera, suas paredes são revestidas com mais de 5 mil crânios e ossos de todos os tipos, provenientes de sepulcros de conventos e cemitérios da cidade.
Logo na entrada da capela, um aviso inscrito sobre a porta já dá o tom da conversa: “Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos”. É sobre a transitoriedade da vida que chamavam atenção os monges franciscanos que construíram a Capela dos Ossos no século 17. E parece que atingiram o objetivo. O aspecto bizarro de se ver paredes forradas de ossos causa um certo desconforto, mas também reflexões sobre a existência humana. O ingresso para visitar a Capela dos Ossos, Núcleo Museológico e a Coleção de Presépios (super interessante!) custa 5 euros. Mais informações aqui.
Ao cruzar parte do centro histórico em direção à parte mais alta da cidade, você irá encontrar a belíssima Catedral de Évora, a maior catedral medieval de Portugal. Concluída em 1204, toda em granito, a Sé marca a transição do período românico para o gótico. No seu interior, capelas revelam alguns dos mais belos exemplares da talha dourada (técnica em que a madeira é esculpida e depois revestida por películas de ouro) e toda a expressão artística e arquitetônica de várias épocas. Um dos principais atrativos da Sé de Évora, no entanto, está no seu topo. A partir do seu telhado é possível ter uma bela vista sobre a cidade e os vastos campos do Alentejo. Um lugar que rende fotos incríveis – e uma paz inexplicável.
No topo da cidade, toda a atenção vai para o Templo Romano de Évora, também conhecido como o Templo de Diana, símbolo da ocupação romana na cidade. Nas proximidades do templo, estão ainda o Museu de Évora, a Biblioteca Pública e o Centro de Arte e Cultura – Fundação Eugénio de Almeida, com exposições e eventos artísticos. Nos fundos do Templo Romano, o belo e florido Jardim de Diana é o lugar perfeito para curtir um fim de tarde com vista para o infinito horizonte do Alentejo.
Uma vez em Évora, não deixe de percorrer a muralha medieval do século 14, que contorna todo o centro histórico da cidade. Caminhe pelo Largo dos Colegiais e passe em frente à Universidade de Évora, a segunda mais antiga de Portugal. A instituição passou dois séculos sob comando da Companhia de Jesus, e ficou mais de duzentos anos fechada após a expulsão dos jesuítas de Portugal.
De volta ao burburinho do Centro Histórico, conheça a Praça do Giraldo e um dos melhores restaurantes de Évora, ali pertinho, o Café Alentejo. No agradável Largo d’Álvaro Velho, visite a incrível loja de artesanato alentejano Oxalá. E para descansar, pegue bebidas, queijos e embutidos no Mercado Municipal de Évora e faça um piquenique no Jardim Público.
À noite, aproveite o calor do Alentejo com uma boa refeição, petiscando ou bebericando na clássica rua Alcarcova de Baixo, onde se concentram bons restaurantes e bares com mesinhas na calçada, como a Petiscaria Morcega. Outros restaurantes famosos de Évora, que ficam em outras áreas da cidade são o Dona Laura, Luar de Janeiro, Dom Joaquim e O Combinado.
Visita à Vinícola Cartuxa
O Alentejo é conhecido pela qualidade de seus vinhos. E quem visita Évora pode conhecer uma das mais aclamadas vinícolas de Portugal: a Cartuxa, sediada na Quinta do Valbom, a apenas dois quilômetros do centro da cidade. A área, que já foi casa de repouso dos jesuítas, passou um longo tempo recebendo o excedente da produção vitivinícola da região e, no século 19, foi comprada pela família Eugénio de Almeida.
Hoje, a Adega Cartuxa é um dos centros de maturação dos vinhos da Fundação Eugénio Almeida. Os amantes dos vinhos devem saber: a Cartuxa é a produtora do Pêra Manca, um dos vinhos mais antigos e aclamados de Portugal, com produção limitadíssima e o custo de cerca de 200 euros a garrafa (com venda limitada a uma por pessoa). A visita à Cartuxa tem valores que vão de 5 (sem prova) a 45 euros, conforme o número de vinhos escolhidos. Mais informações no site da vinícola.
Visita à Vinícola Herdade do Esporão
Em Reguengo de Monsaraz, a cerca de 40 minutos de carro do centro de Évora, está uma das mais conhecidas vinícolas portuguesas: a Herdade do Esporão, também famosa por seus azeites de oliva. A propriedade da vinícola, as vinhas e hortas, valem a visita por si só. A paisagem é incrível, bem como a sede da Herdade do Esporão, uma construção modernista, bastante decorada e com muitos espaços incríveis para provar vinhos e curtir um dia em contato com a natureza. Na vinícola, também há um restaurante, bastante disputado por visitantes, principalmente durante a alta propriedade – reservas com bastante antecedência são recomendáveis.
A vinícola oferece diferentes tipos de visitas, com ou sem provas de vinhos e azeites de oliva. E para quem quiser ficar um bom tempo e conhecer ao máximo a propriedade, a Herdade do Esporão aluga bicicletas para que seus visitantes façam passeios por conta própria, além de trilhas e piqueniques. Veja no site da vinícola todos os passeios e valores.
Monsaraz
A 22 km de Évora em direção à fronteira de Portugal com a Espanha está uma das mais belas e famosas vilas portuguesas: Monsaraz, que esparrama o seu casario branco no topo de uma colina. Cercado por uma muralha, o pequeno vilarejo tem uma única rua principal, uma igreja do século 13 e um castelo do século 16, além de uma vista lindíssima para o Alentejo e para a Barragem de Alqueva.
Por ali, moram apenas cerca de 100 habitantes. E não é preciso mais do que algumas horas para percorrer toda a vila e se encantar com as paisagens vistas desde seus terraços, as lojas de artesanato e também alguns poucos e bons restaurantes. Aos que quiserem aproveitar mais do sossego do lugar, vale a pena reservar uma hospedagem (são pouquíssimas) em Monsaraz. Dizem que o fim de tarde e a noite por lá são experiências fantásticas.
Para quem chega à vila de carro, não faltará estacionamento no entorno da muralha. Aproveite que está motorizado e faça também uma visita a São Pedro de Corval, freguesia com a maior concentração de olarias de Portugal. Um destino certo para os amantes das cerâmicas. Um conselho: vai fazendo um lugarzinho na mala, pois a beleza e os preços são irresistíveis.
Elvas
Conhecida como a “Rainha da Fronteira”, Elvas está colada na fronteira com a Espanha e tem uma história marcada pela guerra. É maior cidade fortificada da Europa e suas fortificações abaluartadas do século 17 são consideradas as maiores do mundo. Para além de todo o patrimônio militar, que deram a Elvas o título de Patrimônio da Humanidade pela Unesco, o centro histórico da cidade é cheio de belas Igrejas, palacetes, conventos e fontes que desfilam por vários estilos arquitetônicos, do Românico ao Gótico, passando pelo Manuelino, Barroco e pelo Rococó.
Entre as principais atrações da cidade estão o Castelo de Elvas, o Aqueduto da Amoreira, a Igreja Nossa Senhora dos Aflitos, o Largo de Santa Clara e o Forte da Graça, uma das mais poderosas fortalezas abaluartadas do mundo.
Marvão
Marvão é a mais alta e uma das mais belas vilas do Alentejo. Localizada em uma colina do Parque Nacional da Serra de São Mamede, na divisa de Portugal com a Espanha, Marvão é daqueles lugares que convidam à contemplação — por lá, as vistas são 360º, já que há pontos para observar o belo entorno em todos os cantos do vilarejo.
A história de Marvão remonta ao final do século 1, período Romano. Um dos principais pontos turísticos do vilarejo é o Castelo de Marvão, onde é possível percorrer as muralhas, subir na torre de menagem e visitar a cisterna, que é uma das maiores de Portugal com capacidade para acumular água e abastecer a localidade durante seis meses, em caso de cerco (uma preocupação na época da construção). O jardim em frente ao castelo também é muito bonito, com uma vista espetacular para a serra.
No Museu Municipal é possível conhecer um pouco mais do vilarejo, com exposições de arte sacra, arqueologia e etnografia. Na Casa de Cultura, que funcionou como tribunal e prisão, ocorrem exposições temporária sobre assuntos diversos. E não deixe de entrar nas igrejinhas do vilarejo, cada uma com suas características próprias.
Assim como Monsaraz, Marvão é daqueles lugares pequenos, que podem ser conhecidos em poucas horas — mas suas belas vistas e ruelas aconchegantes, certamente vão fazer você passar um tempinho a mais por lá. Só se lembre: se preferir passar uma noite em Marvão, reserve a hospedagem com antecedência, pois são poucas as opção. E um aviso a quem interessar possa: no início de novembro sempre ocorre a tradicional Feira da Castanha em Marvão, um dos momentos mais turísticos do vilarejo.
Para onde ir depois de Marvão?
Castelo de Vide e Portalegre são destinos interessantes bem próximos à Marvão. Vale até combinar o vilarejo no topo da montanha com uma visita mais pernoite em alguma destas cidades. De Marvão a Lisboa, o percurso tem 234 km e leva em média duas horas e meia de viagem, passando pelas estradas A23 e depois a A1. Quem estiver de carro, pode optar por parar em destinos como Fátima e Tomar no retorno a Lisboa, sem precisar sair muito da rota.
No nosso roteiro, aproveitamos que já estávamos no Alto Alentejo e seguimos de carro até a Serra da Estrela. Como já conhecíamos Covilhã, tocamos em uma viagem de mais de três horas até a freguesia de Piódão, um lugar encantador encravado na Serra do Açor, onde todas as construções são feitas de xisto. À noite, um espetáculo a parte… não à toa, a pouca iluminação do vilarejo e a disposição das casas se esparramando pela serra deu a Piódão o apelido de “Aldeia Presépio”. Só fique atento: no caminho entre Marvão e Piódão a estrada é estreita, bem na encosta de altíssimas montanhas. Se você tiver medo de altura ou preferir não dirigir por rotas mais perigosas, evite este trajeto.
Já viajou pelo Alentejo e tem mais dicas do que fazer nesta bela região portuguesa? Participe nos comentários!