Cinco segundos, é este o tempo que os recrutadores gastam com o seu CV (eis nove dicas para prender a atenção deles)

Cinco segundos, é este o tempo que os recrutadores gastam com o seu CV (eis nove dicas para prender a atenção deles)

Entrar no mercado de trabalho, mudar de emprego ou mesmo de área profissional pode ser um caminho desafiante, por isso é importante começar com o pé direito.

O primeiro passo é escrever o currículo, que acaba por ser como a capa de um livro: se, quando vamos à livraria, muitas vezes decidimos se compramos ou não uma obra pela sua capa, o CV pode decidir se é ou não chamado para aquele emprego que tanto ambiciona.

Para o ajudar, falámos com três recrutadoras que operam em Portugal, – a Noesis, Vertente Humana e a EGOR – de forma a perceber o que é realmente valorizado nos dias de hoje e como se constroem CV’s e cartas de motivação adequadas à era digital em que vivemos. Vamos a pistas:

1) O que deve conter o meu CV e em que ordem?

O currículo começa no cabeçalho que deve conter o nome completo, o ano de nascimento, a cidade onde reside, os contactos e o regime preferencial de trabalho – teletrabalho, presencial ou híbrido -, informação que se tornou quase obrigatória depois do confinamento, quando a maioria dos trabalhadores foi obrigada a ficar em teletrabalho.

Para Jéssica Franco, recrutadora sénior de tecnologia de informação na Noesis, o perfil de LinkedIn também deve estar no cabeçalho, caso a recrutadora queira aceder a mais informação e/ou conteúdo e para ter também acesso às pessoas conectadas consigo nessa rede social, a quem poderá pedir referências.

Depois do cabeçalho, escreva um breve resumo, com cerca de duas linhas, para indicar o seu atual emprego, ou a licenciatura/mestrado que terminou e qual o atual objetivo profissional.

De seguida, enumere o seu percurso profissional, da experiência mais recente para a mais antiga, com a data de início e fim de atividade. Detalhe as funções que desempenhou nos empregos mais direcionados à oportunidade a que se está a candidatar.

Logo a seguir, enumere a sua formação académica – também da mais recente para a mais antiga – e as suas principais certificações.

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Por fim, escreva quais os idiomas que fala e algumas competências que o destacam entre os seus pares, mas não cometa o erro de cair em ‘clichês’ como: “esforçado” ou “aprendo rápido”. Diga por exemplo se tem carta de condução (se for importante) ou as suas competências informáticas, deixando de lado softwares básicos como o Microsoft Word ou o Excel.

Não se estenda muito nas informações, segundo Jéssica Franco, “mais de três páginas de CV já é demais”.

2) E o que não deve conter?

Erros ortográficos, gramaticais e CV’s desformatados são proibidos. Segundo as três recrutadoras, são também problemas mais comuns do que pensamos – e levam ao desinteresse pelo candidato. Informação com pouca relevância e longos anexos com trabalhos e certificações, também são um não.

Já agora, não inclua as suas referências. Se os recrutadores estiverem interessados, pedem-nas posteriormente.

3) Fotografia: sim ou não?

Depende. Para as recrutadoras com quem o Expresso falou, se a imagem não for um fator importante, a fotografia não terá qualquer influência.

Segundo Sofia Belo, consultora de recursos humanos na Vertente Humana, só “no caso de trabalhos relacionados com representação, moda, ou mesmo alguns em que se tenha contacto com o público, poderá ser importante”.

Se adicionar a fotografia, escolha uma atual, com boa qualidade, profissional e com fundo neutro.

4) Plataformas para fazer o meu CV

Jéssica Franco destaca o conhecido formato Europass, por ser “simples e fácil de ler”.

Já Sofia Belo destaca o Linkedin, onde vai construindo o seu CV online como um “perfil pessoal”. Mas se o quiser descarregar em pdf, ele é feito automaticamente pela rede social, de forma “detalhada e organizada”.

5) Como fazer com que o meu CV se destaque no meio de tantos outros?

“Isso acontece ainda antes de abrirmos o CV, a partir da mensagem que o acompanha” diz Jéssica Franco. Segundo a recrutadora, a mensagem deve ser simples, mas bem escrita. Deve dizer qual a vaga a que se candidata, três ou quatro pontos que justifiquem porque se adapta à mesma e deixar o contacto mais direto.

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Inês Calhabéu, diretora de recrutamento e seleção da EGOR, diz que “quem elabora um currículo deve ter em mente que é uma forma de se dar a conhecer no mercado, mas numa versão em papel, ou seja, tem de passar uma mensagem credível que capte a atenção dos recrutadores pelas mais valias que aporta em relação a candidatos com o mesmo nível de formação.”

Jéssica Franco vê cada vez mais currículos por dia e diz que demora “cinco segundos em cada um”. Claro que o tempo pode variar consoante o que tem de ser analisado, mas o mais importante é a organização e escrever de forma sucinta, destacando as experiências académicas e/ou profissionais relacionadas com a vaga em causa. Só assim conseguirá prender a atenção de quem o vai ler.

6) Devo enviar carta de motivação?

A Noesis só costuma ler as cartas de “perfis juniores e recém-licenciados”, porque os mais seniores já pouco as enviam.

Os recrutadores, ao lerem as cartas dos mais jovens, procuram perceber ao que se estão a candidatar – vaga de emprego, estágio curricular ou profissional – quais os seus interesses e projetos pessoais.

Porém, mesmo se não for um júnior, mas estiver a mudar completamente de área profissional, também é importante o envio de uma carta de motivação, para que os recrutadores percebam quais as razões.

Jéssica Franco acrescenta que, seja qual for a idade, não enviar uma carta de motivação não será mal visto, só pode tornar-se mais arriscado para os casos dos perfis mais jovens.

7) O que escrevo na minha carta de motivação?

Faça um pequeno resumo do seu percurso académico e profissional. De forma detalhada, explique quais as razões e motivações que o levaram a candidatar-se à vaga.

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8) Escrevo formalmente? Ou posso ser mais descontraído?

Depende, outra vez. Se estiver a candidatar-se para uma vaga num escritório de advogados, talvez tenha de ser bastante formal. Mas se for para um emprego de publicidade, por exemplo, poderá ser mais descontraído.

O certo é que tem preocupar-se em escrever sempre de forma elegante e correta, fugindo à linguagem corrente. Mas nem sempre é preciso chegar ao extremo das formalidades.

Mais uma vez: reveja para garantir que segue sem erros ortográficos ou gramaticais, se assim for a recrutadora vai perder imediatamente interesse.

9) Carta de motivação ou PITCH?

Para Inês Calhabéu, a carta de motivação caiu em desuso nos últimos anos, tendo sido substituída pelo PITCH individual, ou seja, “um pequeno texto composto por três a quatro linhas, em destaque no CV, dando a conhecer quem sou eu e o que trago de valor para a empresa que me estou a candidatar.”

Dito isto, boa sorte para os próximos passos.

Fonte: https://expresso.pt/economia/2022-12-19-Cinco-segundos-e-este-o-tempo-que-os-recrutadores-gastam-com-o-seu-CV–eis-nove-dicas-para-prender-a-atencao-deles–1739ebd5

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